Filme Cult nos sete anos do Cineclube em Natal

Os primeiros cineclubes que se têm notícia surgiram na França nos anos 1920, sustentado pelo tripé exibir, debater e refletir. Mesmo nos dias atuais, sem tanto fôlego quanto antes e em plena era do compartilhamento de informações (leia-se músicas e filmes), eles continuam sendo um campo fértil para se conversar sobre cinema. Atualmente o foco do movimento cineclubista está justamente na necessidade de se promover a interação entre amantes da sétima arte, e lá se vão oito anos desde a criação do Cineclube Natal – herdeiro legítimo do pioneiro Cineclube Tirol surgido no início dos anos 1960. Para reforçar esse objetivo de pensar e repensar cinema, o Cineclube guia Natal promove até domingo (26), em parceria com o jornalista e crítico de cinema  Rodrigo Hammer, a sétima edição da Semana do Filme Cult.

As sessões diárias, exibidas sempre às 18h30 no Teatro de Cultura Popular (TCP/FJA), trazem à tona produções que não estão no catálogo de qualquer cinemateca nem nas prateleiras das quase extintas locadoras. Muitos não chegaram ao circuito comercial de cinema, e poucos (ou nenhum) tiveram uma sessão coletiva na capital potiguar. Antes de cada longa-metragem, porém, serão exibidos curtas de diretores famosos quando ainda estavam em início de carreira, como a versão original de “Frankenweenie” rodada por Tim Burton em 1984.

A programação do evento na cidade de Natal inclui desde ficção científica rodada em 1951, “O homem do Planeta X”, até “Mangue Negro”, terror nacional sobre zumbis produzido em 2008. Os filmes foram selecionados em conjunto pelos cineclubistas Nelson Marques e Gianfranco Marchi, mais Rodrigo Hammer. Alguns filmes inseridos na programação tiveram suas legendas reconstruídas e ressincronizadas devido a precariedade das cópias disponíveis.



“Se por um lado temos a facilidade de acesso a filmografia mundial, por outro vemos o individualismo das exibições: cada um na sua tela. Então, apesar da oferta gigantesca, vemos cada vez menos gente trocando ideias sobre cinema”, pontuou Nelson Marques, atual presidente do Cineclube Natal. Marques preferiu não divulgar quais os curtas fazem parte da programação para estimular as pessoas saírem de casa. “Não adianta só assistir na tela da tevê ou do computador, é preciso ouvir, comentar, conhecer outras visões, trocar informações”, defende.

Resistência cultural



O presidente do Cineclube Natal informou que, em função da redução de pessoas, das oito sessões fixas hoje há apenas uma em cartaz – o Cine Solar, todas as terceiras sextas-feiras do mês no Solar Bela Vista. “Hoje a equipe se resume à própria diretoria, e isso limita bastante nossa atuação”, disse Nelson Marques, lembrando que o Cineclube tem investido em mostras temáticas: em março, também no TCP, foram exibidos filmes sobre o fim do mundo; e em julho, em Nalva Melo Café Salão, está programada mostra sobre documentários sobre cinema. “Fizemos duas mostras bem sucedidas sobre cinema e gastronomia e outra com filmes nacionais”, recorda. “Temos um público pequeno, mas cativo”.

Nelson encara o movimento cineclubista como uma posição politica de resistência cultural, que oferece alternativa à “lastimável” programação comercial. “A sessão Cine Cult (no Cinemark) é a única opção regular e está entre as de maior público no Brasil, também tivemos o Festival Varilux de Cinema Francês(Moviecom) com sala cheia; sinal que o público tem interesse”.

Para o segundo semestre, o Cineclube Natal pretende montar mostra a partir de sugestão do público. “Vamos realizar enquete para recolher sugestões quanto a filmografia de determinado diretor”, adiantou. Também está nos planos mostra com temática homossexual. A sede do Cineclube Natal funciona no Mercado de Petrópolis (box 51) e a página eletrônica é cineclubenatal.com.

Serviço 

7ª Semana do Filme Cult. De 21 a 26 de maio, sessões às 18h30, no TCP, av Jundiaí, Tirol.

Confira a programação completa em tribunadonorte.com.br/noticia/filme-cult-nos-sete-anos-do-cineclube/250774

Fonte: Tribuna do Norte





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